A polêmica dos fake news já não é tão atual, porém, cada vez que surge uma doença ou epidemia nova, a medicina brasileira sofre com enxurradas de notícias falsas, onde os médicos precisam lutar contra o poder da internet de propagar informações erradas.
O protagonista da vez é o tão famoso Coronavírus, um vírus já descrito na literatura desde 1965, mas que agora se espalha pelo mundo com uma nova cepa (SARS-CoV-2) que surgiu na China, causando vítimas desde dezembro de 2019. Pelo fato do Coronavírus ser um vírus com potencial de letalidade, deve-se ser tratado com seriedade e atenção, porém todos estes holofotes certamente estão causando mais pânico e desespero populacional do que o necessário.
Um importante dado a lembrar é que, gripes causadas pelo vírus Influenza mata anualmente cerca de 60 mil pessoas em toda a Europa¹, e no Brasil, só em 2019 causou a morte de mais de mil pessoas², nos evidenciando mortalidade substancialmente superior ao Coronavírus. Isso torna evidente o poder que as notícias falsas e o sensacionalismo causam quando uma notícia é reproduzida de forma tendenciosa, com intenção de causar histeria coletiva.
O coronavírus vem como protagonista para lembrar a nós, médicos e acadêmicos de medicina, da importância de buscar nos pautar em uma medicina baseada em evidência, para que não apenas não nos deixemos levar pelas fake news, como saibamos conduzir tanto a saúde dos nossos pacientes, como orientá-los a buscar informações corretas em fontes confiáveis.
Para o combate das danosas fake news, exige-se que bons profissionais na área médica sejam capacitados em Medicina Baseada em Evidência, os quais saberão assim buscar as melhores informações nas melhores fontes, para assim não apenas praticar a medicina propriamente dita, como saber instruir seus pacientes em relação à qualquer assunto perante à saúde pública.
Na era da Fake News, não basta que lutemos apenas pela preservação da saúde física ou mental, mas que lutemos pela preservação de um mundo mais ético, munido de conhecimento e contra a ignorância que é capaz de se dissipar mais rápido que o próprio coronavírus, um vírus que está se tornando uma tempestade em um copo d’água.